Saúde
Uso de adoçante artificial pode alterar o metabolismo da glicose contribuindo para a obesidade e diabete
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O adoçante artificial tem sido amplamente utilizado tanto nas dietas para reduzir o peso como nas dietas de controle do diabete. Os chamados adoçantes artificiais não-calóricos estão entre os aditivos alimentares mais usados em todo o mundo e são considerados seguros e benéficos no tratamento de obesidade e diabete. A lógica de seu uso baseia-se no fato de conterem compostos que têm o mesmo gosto que o açúcar, porém sem as calorias. Dessa maneira, o indivíduo pode ingerir alimentos e bebidas com sabor doce sem se preocupar com o açúcar e seus efeitos sobre o peso ou diabete.
Em alguns países, porém, o uso de adoçantes artificiais tornou-se indiscriminado e começaram a surgir questionamentos na literatura médica sobre a sua verdadeira eficácia.
Em 17 de setembro passado foram publicados online resultados de uma pesquisa sobre este tema na revista Nature, uma das revistas científicas de maior impacto na atualidade. Os pesquisadores estudaram o efeito dos adoçantes artificiais em camundongos e em humanos.
Camundongos alimentados com adoçantes artificiais apresentaram maior concentração de açúcar no sangue do que aqueles que não receberam adoçantes.
No estudo com humanos foram avaliados vários parâmetros clínicos em um grupo de 381 indivíduos. Houve uma correlação positiva entre alterações metabólicas e consumo de adoçante. Aqueles com maior consumo de adoçantes apresentaram maior peso, maior circunferência abdominal, maior glicemia de jejum e maior percentagem de hemoglobina glicosilada, todos parâmetros indicativos de alterações metabólicas. É importante salientar que este tipo de estudo em humanos não tem a capacidade de comprovar que as alterações foram causadas pelo adoçante.
Baseado em um conceito recente de que o metabolismo da glicose e o desenvolvimento de obesidade e diabete estão associados ao tipo de flora intestinal, os pesquisadores testaram a hipótese de que os adoçantes artificiais poderiam alterar a flora intestinal. O mecanismo proposto é o de que certas bactérias reagem aos adoçantes artificiais secretando substâncias que produzem uma resposta inflamatória que produz mudanças na capacidade do organismo processar a glicose. Esta mesma resposta é observada quando muito açúcar é ingerido.
Para testar a hipótese da flora intestinal os pesquisadores administraram antibióticos nos camundongos que receberam adoçantes artificiais. O nível de açúcar no sangue voltou ao normal. Além disso, foi feito um transplante de bactérias do intestino de animais que receberam adoçante para animais que nunca tinham recebido adoçante. Houve um aumento da glicose no sangue destes animais que anteriormente eram saudáveis, indicando que a flora intestinal tem efetivamente uma participação na metabolização da glicose e que os adoçantes artificiais, assim como o açúcar em excesso, podem alterar esta flora.
O conjunto destes resultados abre perspectivas para novos estudos que possam esclarecer definitivamente a relação entre adoçantes e obesidade. Até isso acontecer parece prudente não exagerar no adoçante e no açúcar.
A criação do hábito de evitar alimentos adoçados, seja por açúcar ou adoçante artificial, pode trazer enormes benefícios à saúde. E, para matar a sede, nada de bebida doce ou refrigerante! Água é o melhor remédio.